Há gente que trata muito bem a carne...

O Drácula, por exemplo, gosta dela muito mal passada. Mesmo em sangue. Se viesse ao Osso Bento iria concerteza gostar de um tártaro de novilho com avelãs tostadas como entrada (provavelmente cuspia as avelãs) e uma Costeleta Frísia a mugir, para a derradeira mordida.

Já de fosse a Múmia do Faraó, que se deleita com carne mais seca (não fosse ela também uma criarura maturada) iria delirar com o tutano de vaca com limão e pinhões, mesmo correndo o risco de ficar a cheirar a Super Pop lá no sarcófago e com pinhões entalados entre as ligaduras.

Ainda na categoria das criaturas fantásticas, estou a ver o Lobisomem ferrar o dente a umas moelas de Perú, já que me parece bicho para gostar de ver tudo com as tripas de fora e a perseguir sofregamente uma perna de borrego ou uma espetada de Beijinho Black Agnus (espeto em qualquer material excepto prata, por favor).

O Osso Bento iria ter uma publicidade assustadoramente merecida porque quem agrada a esta gente, agrada a qualquer mortal.

A mim, agradou-me a paciência do Jorge, o sorriso no olhar da Bruna por trás da inevitavel máscara, a assertividade do André, nosso camareiro de serviço, e a paciência do gerente para nos ensinar passo-a-passo como se grelha uma picanha brasileira na perfeição.

Osso Bento tira os esqueletos todos do armário e mostra ao comensal que até dentro do osso se conseguem produzir iguarias de roer e chorar por mais.

Saio com muita carne junto aos ossos, algum rombo na carteita (cerca de 40 euros por pessoa por 2 couverts, 3 croquetes, 3 entradas, 1 prato principal, 2 sobremesas e 4 copos de vinho) mas a sensação que quem nos matura o palato merece o nosso regresso.

Venham de lá esses ossos!

Carne fantástica. Experimentei o bife do beijinho e da vazia. Vinho óptimo também. Ambiente muito agradável. Voltarei com certeza em breve