Visitei este restaurante a meio de semana, e o espaço estava praticamente vazio, mas não por isso menos agradável. Ao entrarmos, tudo parece fazer sentido e há uma clara coesão entre o nome, a decoração, a oferta e até a música ambiente (portuguesa) O atendimento foi de uma simpatia extrema, muito cuidado e educado. Não consumo carne com regularidade, mas reconheço que o tornedó de vaca estava delicioso! Doses muito generosas. De sobremesa, comemos o pudim que estava exageradamente doce para o meu gosto, reconheço, mas que fez as delícias de quem me acompanhou.

Na Rua dos Mercadores, muitas foram as casas que ruíram,
fecharam ou foram esquecidas pelo tempo. Quem vem a subir esta rua antiga, tão
portuense quanto sinuosa, fica curioso ao passar por este espaço. E que
surpresa! Quente, convidativo, de uma beleza peculiar, o restaurante ainda
conserva estrutura e paredes antigas de um edifício que ainda deixa saudade de
outros tempos e outras histórias. Saudade é a palavra – mais portuguesa
impossível – escolhida para dar nome. A ferver de vida no interior, surpreende
cada um ao entrar pela envolvência do antigo fundido com a moderno, num
ambiente calmo, com jazz ao fundo e os cocktails no bar para nos receber. No
piso de cima, na sala de jantar, junto ao jardim vertical, acolhidos pelo
incansável e super competente Regis, comemos um robalo braseado maravilhoso de
entrada, a desfazer-se na boca seguido pelo peito de pato. Sublime! O foie gras
por cima foi absolutamente genial! Os pratos do resto do grupo também estavam
muitíssimo bem confecionados e com sabores de um requinte inteligente surpreendente,
em especial o robalo com couve flor e aneto. As sobremesas soberbas, rematam o
jantar, com destaque para as texturas de chocolate. Carta de vinhos muito
completa e cativante, com uma garrafeira especial. No geral, uma noite memorável,
num espaço tão espetacular no que tem para oferecer quanto necessário e urgente
numa rua tão esquecida. Deixa saudade, mas só até à próxima visita. Certamente
para breve.