Espaço super agradável, comida deliciosa e atendimento excepcional! Um especial obrigada ao Chefe de sala Beto que tornou a nossa noite o melhor que podia. Parabéns também pelo samba ao vivo que fizeram toda a diferença!
A Gina é um legado. Comentar este restaurante sem que isso me traga memórias de juventude é impossivel. E sei que muitas e muitos me entendem. Há todo património imaterial que gira à volta da Gina e que nos alimentou de alguma forma.
Agora para ser mais concreto, e no meu caso, conheci a Gina quando ainda era Júlio. O Júlio das Miombas (miomba é uma espécie de prego grelhado com ovo a cavalo, muito alho e pimenta.
A minha mãe na altura tinha um grupo de amigos habituées do Parque Mayer. E entre os bastidores dos Teatros e as casas de adereços, lá estava um dos principais restaurantes daquele espaço (havia mais).
De Júlio passou a Gina que passou ao filho, que decidiu manter o nome. Um nome sonante...
Nestes 30 anos de Gina - após quase 70 de Júlio - assisti a uma evolução bem fundamentada. Um restaurante que soube crescer para uma esplanada agradável e solarenga. Uma cozinha que soube manter a confecção à moda da Gina (e curiosamente antes da Gina, a cozinheira que lá estava também era Gina) com uma confecção simples mas bem sustentada pelo preceito.
Entrada de queijos e enchidos daqueles que combatem o meu colestrol (e normalmente perdem...). Bom paio, presunto e queijo mole de ovelha.
Destas brincadeiras passámos para coisas mais sérias. Bochechas de Porco Estufadas, Cabrito à Padeiro e Pataniscas de Bacalhau com Arroz de Feijão Encarnado cheio de malandragem.
Tudo bom. Tudo guloso. Diz-se que Nicolau Breyner ia lá muito. Agora percebo o porquê de não haver calças que lhe coubessem. Idem com a Beatriz Costa que lá se atirava a doses inteiras de sardinhas como gato a bofe. E o Fernando Mendes, que anda cheio de saúde, também já se percebe porquê... Outro habituée da Gina.
Mas em todas as medalhas há um reverso e esta não é excepção. O serviço num restaurante histórico de Lisboa merecia empregados mais simpaticos, sorrisos mais afáveis e até alguem que tivesse o rasgo de clarividência para explorar todas essas estórias a que a Gina assistiu. Estórias com atores, cantores, dançarinos, produtores, encenadores e outros artistas que durante décadas fizeram parte da fauna do Parque (Mayer).
Imaginem, mesmo se fosse apenas um floreado, o empregado que me atendeu em vez de anotar o meu pedido com aquela cara de Garfield ao acordar, me espicaçasse a curiosidade, do género:
- Sabia que foi na cadeira onde o senhor está sentado que Beatriz Costa ensaiou a música do "chega chega a minha agulha, afasta afasta o meu didal, enquanto devorava uma sardinha?! " ou ainda:
- "Olhe, recomendanos o Cabrito no Forno que era o prato favorito do Nicolau Breyner. Ele pedia sempre dose e meia, coitadinho. Sempre com fome..." - ou ainda: - "Escute, foi em cima dessa mesa dormiu a Ivone Silva quando se esqueceu das chaves em casa! A mesa empenou e ficou assim esquinada desde aí!"
Enfim, explorar estas narrativas que enriquecem a experiência "restaurântica" e que cada vez mais os projetos mais sofisticados o fazem tão bem. Contar estórias.
Porque também não o podem fazer os menos sofisticados? É nesses, nas tascas, nas casas de pasto, nas tabernas, que está muita da história da nossa cidade e que, mesmo floreada, tem que ser partilhada e passada aos novos alfacinhas que aí vêm.
Fica a sugestão para a Gina. Sei que ela gosta de um bom desafio!
Miguel Ribeiro Henriques
+5
Óptimo local para almoço/jantar de negócios ou mesmo com amigos. As doses são enormes, o atendimento é rápido e simpático. Aconselho marcação prévia. Já visitei diversas vezes e volto sempre!
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