“Quem tem razão são as meninas de Odivelas.”
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Nunca tinha ouvido falar do Faruque até à bem pouco tempo.
Depois repentinamente e em conversas diferentes, algumas pessoas foram referindo a casa, a sua grande maioria relacionada com a busca do “croissant perfeito”.
Chegar lá, também não é coisa de passagem, é um equiparado a um duas estrelas Michelin: “se estiver perto, vale o desvio”.
Assim aconteceu e ao dar de caras com o espaço a questão foi pertinentemente colocada: Entramos?
Mas toda a gente sabe que os conventos guardam segredos, e que se os queremos conhecer, temos de arriscar.
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Entrámos. Num dia chuvoso, a meio da tarde de semana, hora de lanche.
Os cheiros indiciam o fabrico, as montras de vidro ligeiramente condensadas, indicam a adição de elementos nas bandejas ainda mornos.
E há mais produto que bandejas, e há mais bandejas que montras disponíveis e nem se percebe bem como é que aquela gente se consegue mexer ali dentro daquele pequeno quadrado, rodeada por tudo e mais alguma coisa.
Babás, Cornucópias, rochas nozes...e os croissants!
Esta busca aparenta não ter fim e da primeira vez, embora os tabuleiros fossem demasiados, nem sequer optei por aí.
O Babá estava bastante bom e fresco, com o creme ainda rijo, e com a crosta exterior, mais rija, como se tivesse caramelizado ligeiramente no forno e depois criado uma crosta, quando embebida em calda de açucar e rum (um pouco, como acontece com os bons palmiers cobertos). A Noz, estava no mesmo estado, mas mais exacerbado, literalmente crocante.
À segunda já não resisti. Venham de lá esses croissants. Bastante tostados por fora, com uma geleia muito fina e consistente, uma diferença radical para o interior, enrolado, amarelo claro sem grande tintagem, com as farripas a não se separarem bem umas das outras entre voltas, mal cozido na sua genética e francamente agradável.
Há em mais que um sabor, mas eu prefiro o simples. Quando a matéria prima é boa, não há que enganar nas escolhas.
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Entrámos. Recebidos com um sorriso maroto e condescendente com gente que anda à chuva e se molha. Com um querem uma toalha para se secarem um bocado?
Entre sair do carro, subir um pouco a rua e passar pela esplanada com chapéus de sol da Kalise, nada fazia prever nem a molha nem o acolhimento.
O casarão cúbico, com tanto de alto como de lado, néon por um lado e marquise de alumínio de anos 70 por outro também não. É um subúrbio concerteza.
No interior continua entre montras com produtos de outros tempos, e pessoas de outros tempos, as esposas dos senhores que estariam a jogar à sueca debaixo do coreto concerteza. Tudo amplamente reformado, tudo em amena cavaqueira, com atenção ao único jovem que por lá se encontrava, ainda a tentar equilibrar-se nos seus primeiros passos.
É uma família alargada, onde brunch vai ser sempre um estrangeirismo.
Há pinturas murais e tabaco, brindes vários e chocolates, de tudo um pouco.
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Às vezes vale a pena sair do centro.
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#zomato40 #offthegrid #lecroissant #coisasdeconvento
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