A receita da felicidade para o casal Anderson e Carolina Lima é fazer o que se gosta. “Se é feito com amor, vai dar certo”. É com um grande sorriso que a chef “Carol” do recém inaugurado restaurante Otaviano Olive & Jazz, situado perto da Gulbenkian, em Lisboa, nos dá as boas vindas. Depois de se terem dedicado a outros dois espaços com o mesmo nome em São Paulo, no Brasil, decidiram trazer para Portugal um conceito que se inspira na cozinha italiana do avô Otaviano e combina o melhor da comida artesanal e mediterrânica.
Casados há cerca de duas décadas, trabalhavam noutras áreas antes de decidirem mudar radicalmente de vida. Há cerca de nove anos, abriram dois restaurantes, um em São Bernardo do Campo e outro em São Paulo, em homenagem ao avô de Carolina. Foi ele quem lhe passou a paixão pela cozinha e foi ele quem lhe mostrou que “a comida não tem nacionalidade. Quando é boa, agrada. Quando é bem feita, enche-nos o coração”. Uma aprendizagem que a neta quis seguir à risca.
O trabalho árduo trouxe recompensas a este casal, que, querendo ir mais longe, decidiu expandir o negócio. “Temos dois filhos pequenos e quisemos fugir, de certa forma, da violência de São Paulo. Começámos, então, à procura de um outro lugar onde pudéssemos abrir um restaurante e, ao mesmo tempo, começar uma vida nova”, conta Anderson.
O casal queria instalar-se numa cidade onde a gastronomia tivesse semelhanças com o seu conceito. Visitaram alguns países da América Latina e, depois, a Europa. Portugal, muito à conta do idioma e das raízes históricas, acabou por ser a escolha natural. Quando chegaram ao nosso país, não faziam ideia de que o sector da restauração vivesse uma fase de tanta agitação. “Portugal está na moda e a restauração ganha muito com isso. Por outro lado, a responsabilidade é maior”, refere o responsável.
Lisboa acabou por ser a cidade eleita para replicar o conceito “Otaviano” e para viver. Quanto à escolha do local do restaurante, mais do que uma zona turística, Anderson e Carolina procuraram um lugar com grande volume de empresas e de moradores. A ideia é que as pessoas vejam no restaurante um sítio onde se sintam bem e possam ir muitas vezes, como se visitassem a casa do avô Otaviano.
A verdade é que, quem ali entra, encontra o conforto e a nostalgia que nos fazem lembrar a casa dos nossos avós. As peças decorativas antigas e a música, com o ritmo descontraído do jazz como protagonista, criam um ambiente despreocupado e alegre. Somos recebidos com um sorriso que nos convida a estar, a comer, a conversar e a ficar. Para já, apenas à hora de almoço, mas o horário poderá vir a ser alargado em breve. Pelo menos, às sextas à noite, que serão de música ao vivo, de jazz, pois claro, ou não fizesse este estilo musical parte do nome do restaurante e até da decoração.
Ao fundo da sala, em grande destaque, encontra-se exposto o buffet. Aqui, encontramos saladas, bruschettas, legumes e carnes, numa variedade de pratos que podem ser apreciados como entrada ou mesmo como refeição: desde o tomate recheado com queijo à beringela italiana, passando pelo panini de três queijos, pela quiche de alho francês, pelo pepino com sumo de lima e pelo pão caseiro. Sem esquecer a pêra com queijo gorgonzola, muito procurada pelos apreciadores dos sabores agridoces.
Em cada dentada, nota-se a frescura dos alimentos e o amor com que são confecionados no primeiro andar do restaurante. É, aliás, curiosa a localização da cozinha, como se fosse uma varanda com vista privilegiada para a sala de refeições: “Serve precisamente para quem está na cozinha poder ver como os clientes reagem à comida e aos sabores”, sublinha Anderson.
Todos os dias, além do buffet, há três pratos que constituem a sugestão da chef, um de carne, outro de peixe e uma terceira opção vegetariana. Mas o menu inclui outras propostas, que são as que maior sucesso fazem do outro lado do Atlântico: salmão ao maracujá (18€), risotto de camarão (21€), fraldinha ao forno (16€) e lasanha de beringela (16€) são apenas algumas. Quem preferir o buffet e um dos pratos do dia, paga 9,90€.
Depois de experimentar as entradas, que me conquistaram de imediato pela cor, frescura e ousadia, segui a sugestão de Anderson e provei o seu prato preferido: ravioli de figo, com figo turco e molho de manteiga e sálvia. A combinação da massa fresca artesanal com o recheio adocicado do figo explode na boca a cada garfada. Não estamos apenas a almoçar, estamos a viver uma experiência que vai ficar gravada na memória.
E para terminar a refeição, não pude deixar de provar o doce que faz mais sucesso nos restaurantes de São Paulo, o famoso pudim de leite. Uma sobremesa equilibrada e cheia de sabor que pode muito bem ser a responsável pelo regresso dos clientes vezes sem conta. Destaque ainda, na carta das sobremesas, para a mousse de chocolate belga com 70% de cacau, uma verdadeira delícia que nos faz terminar a refeição de “coração cheio”.
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