“simbiose com requinte”
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É uma daquelas combinações que a um nível mais pequeno sempre me fizeram confusão: uma casa que vende alimentos, e que decide perante um excesso de produção ou em alternativa, perante a falta de escoamento, transformar esses ingredientes, e vendê-los sob a forma de produtos já preparados (restauração) no mesmo sítio.
Não obstante todas aquelas coisas de segurança alimentar e tudo o resto, parece ser o ideal para adiar pelo menos o desperdício durante mais algum tempo. Se entre as coisas que vendem então, estiver também uma garrafeira, ainda melhor!
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Há uma discrepância (e a variedade vai aumentando pela cidade), entre o que se paga e o que se come. A quantidade aqui não é uma tendência e investe-se antes na qualidade. Os cheiros andam no ar e abrem o apetite.
O pão. Os da casa, são o bolo lêvedo e o bolo do caco. Os únicos dois pães chatos (de inspiração árabe) de Portugal e que curiosamente nasceram e subsistem no meio do Oceano Atlântico, sem qualquer ligação ao continente, que não a actual dispersão. Um é doce, o outro é salgado. Ambos ligam bem para rodear o que quer que seja. São difíceis (mesmo hoje) de encontrar em boas condições em que não se esboroem e que a massa seja cortada sem esfarelar. Aqui são bastante aceitáveis. Lá dentro a carne de vaca cortada fina. Simples e directo.
Bom para um descanso acompanhado de um xarope diluído em água, como se fazia antigamente.
Não esquecer nunca os queijos, sejam do sul ou do Norte, (passando pelo Rebocho, com as óptimas bolas da Cabra D'Ouro), ou o “nosso” Chévre, da Granja, que dá uma grande abada, a tudo o que se venda em supermercado. Em textura e sabor.
Não esquecer também aquela coisa atípica que é pickle de batata, a fazer lembrar mais um Picadilly do que um pickle, com o ácido e o doce ali bem presentes.
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A sala de refeição, acaba por ser um pequeno cochicho.
Embora tenha uma esplanada, a rua tem demasiada frequência, pelo que prefiro manifestamente a zona interior, que ainda para mais no verão é fresca como uma casa alentejana, com luz controlada.
O lado contrário da coisa, tem a ver com a extracção de fumos, com alguma incapacidade perante alguns dos produtos que têm de ser confeccionados mesmo ali atrás da vitrine de frescos.
Até lá chegar, a partir da entrada dita de mercearia, pode-se ou descer para a adega, ou subir para a sala de comer. Cheia de produtos, mas também como uma casa, com aquelas coisas que sem terem função concreta, acabam por compor ramalhetes.
É tudo pequeno e atravancado, ou pelo menos parece atravancado, mas passamos sempre, contornamos sempre, pedimos com licença e se faz favor, esperamos que os outros passem até conseguirmos nós seguir caminho também.
O atendimento é de bairro, singelo e com pessoas cujas caras parecem conhecidas do dia a diam de sempre ali terem vivido, embora a panóplia de produtos vendidos, faça com que haja quem se desloque exclusivamente para alguns deles, em modo verdadeiramente gourmet, no sentido exclusivo, de que há coisas...que só conseguimos encontrar ali.
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Não encontras em mais nenhum lado? Tenta aqui!
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