“desfasamento temporal”
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Apeadeiro hoje terá pouco significado para a maioria. Eventualmente uma pequena estação de comboio, que nem merece a classificação principal, mas com as linhas ferroviárias tão em baixo, nada disto tem de facto significado.
Um apeia-se do cavalo, da montada, ou de qualquer meio de transporte.
E eu ainda me lembro dos tempos em que o Campo Pequeno, era uma enorme rotunda, cerceada de meios de transporte, públicos e privados, de onde se chegava e onde se ia, na “camioneta” para casa dos avós.
Não me lembro de animais vivos a serem transportados, mas lembro-me de caixotes de vários tamanhos, muito cordel e guita de atar, sacos e saquinhos, malas, tudo na rua, tudo aparentemente desordenado, mas onde todos chegavam ao seu destino.
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Para alimentar as almas migrantes, sempre houve em redor do Campo, uma série de casas, muito mais baseadas nos lados da Chaby Pinheiro e da Rua de Entrecampos, do que nos outros dois sectores.
Este Apeadeiro é das mais compostas, com um menu bastante razoável que se reduz normalmente a uma das duas hipoteses seguintes: Iscas, das bem puxadas, com batata frita correcta e pão para ensopamento; ou nos dias mais afoitos a feijoada de gambas, em quantidade mais que suficiente para um, normalmente a razar a parvoíce, porque apesar de tudo é para jantar.
Há muito mais e estes não são definitivamente os que se vêem nas outras mesas: as carnes grelhadas imperam, sendo de facto a eleição da grande maioria. As poucas vezes em que pequei, estava agradável, como rotina da casa, mas não era excepcional, não é algo que não se encontre noutros lados.
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O Apeadeiro é dos mais antigos que me lembro, provavelmente pela associação à movimentação das tropas itinerantes e por não se ver lá para dentro. O que é secreto tem sempre mais valor, quando mais não seja o que está associado à descoberta.
A proximidade de casa, fazia com que fosse incluído no roteiro de proximidade, com excepção para os dias de sexta e de Domingo, onde a coisa tendia a encher.
Hoje os dias já não são assim, que temos todos transporte privado (é uma generalização, pode ser?) e os autocarros também já não param ali.
Da mesma forma que não se vê para dentro, o inverso é também lógico. Que é estranho para uma casa que até possui algumas janelas. A luz natural é amplamente filtrada, até ser substituída pela artificial.
O alto lambrim em rocha “natural” das paredes, é invertido para possuir um revestimento cerâmico até ao tecto. Tais superfícies contribuem para aumentar o volume dentro de casa, o que não sendo ensurdecedor, é por vezes desconfortável.
A esplanada é uma modernice contrastante, mas ou queremos ir lá para dentro, ou então...não faz muito sentido, que não é o apeadeiro!
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Vou partir, para a outra margem.
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#zomato35 #doBairro #JaNaoApeia #Interior
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