Desconfiamos sempre dos restaurantes da Docas. Sim, estamos a generalizar, mas é inevitável encarar a maioria deles como restaurantes para turistas… E a verdade é que, num dia de semana à noite, as poucas pessoas que vemos a passear nesta zona são isso mesmo, turistas, talvez perdidos. Mas sim, turistas.
Talvez por isso mesmo, quando nos sentamos à mesa da esplanada fechada do Doc Cod, temos a companhia de uma família chinesa e um casal brasileiro. Depois aparece um grupo de espanhóis. Pronto.
Ainda assim, o Doc Cod não tem nada a ver com isto, e não nos sentimos menos bem tratados por falar português. O restaurante pertence ao mesmo grupo que tem outros dois espaços nas Docas e por isso tem o serviço bem oleado. O espaço é semelhante aos restaurantes do lado. Nada a destacar a nível geral, por isso vamos então olhar para a comida.
Acto 1: Bacalhau para petiscar
Pois que, entre as 9 entradas disponíveis em carta, temos apenas um prato de bacalhau. Parece pouco, não parece? Umas mini pataniscas, muito boas por sinal. Mas há tantas outras coisas com bacalhau que podiam ser opção, como uma saladinha com grão, um carpaccio, uns pastéis… enfim.
Acto 2: Bacalhau para comer
Nos pratos principais também temos pataniscas, mas fomos antes para outras duas opções mais clássicas. Porque o bacalhau tem disto, há muitas maneiras de o confeccionar, mas os pratos mais simples acabam por ser os melhores. Quando bem feitos, claro. O bacalhau à brás é um desses clássicos, que muitas vezes só tem ovo e batata… mas que no Doc Cod é uma grande surpresa! Muito sabor, muito bacalhau, húmido qb, sem cebola em exagero, acompanhado de uma simples salada que apenas complementa o prato, porque a estrela é mesmo o bacalhau. Muito bom, sim senhor. E também o lombo de bacalhau lascado superou as expectativas, principalmente por causa da qualidade do produto e da sua confecção perfeita. De lascar à colher, sal no ponto, acompanhado de batata a murro, grão e grelos, tudo muito simples mas sem nada a apontar.
Acto 3: as coisas que não são Bacalhau
Sim, há mais do que bacalhau no Doc Cod, e nem estamos só a falar das sobremesas. Outra das especialidades do restaurante tem pouco ou nada a ver com bacalhau: o costeletão de novilho maturado. Parece estranho, não é? Pois que é assim mesmo. Não fomos por esse caminho, nem pelo do polvo à lagareiro ou os outros peixes ou carnes da carta (na realidade, o peixe que dá nome ao restaurante representa apenas 1/3 da carta). Ainda assim, partilhámos umas gambas à guilho bastante puxadas, bastante mesmo, ainda que cheias de sabor. E no final da refeição, um crumble de maçã com gelado que, sem ser surpreendente, termina a refeição bastante bem.
Veredicto final? O Doc Cod faz juz à promessa de tratar bem o bacalhau, sem dúvida. Ainda que pudesse ter maior variedade (e há tanta coisa que pode ser feita com bacalhau), a qualidade da matéria-prima está lá, assim como a boa mão para confecção. E se para turistas é uma boa “montra”, a verdade é que também cumpre as expectativas do bom português, que está mais habituado ao “bicho”.
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