Há uma coisa inevitável quando se fala de restaurantes: a nossa opinião está directamente ligada à afinidade que temos com eles. O historial, quantas vezes lá fomos e como correu, qual era o contexto em que íamos (família, amigos, a dois...) e também o registo (jantar de grupo antes de copos ou algo mais sossegado)... enfim, é inevitável que a nossa história com um restaurante determine a forma como olhamos para ele. E, algumas vezes, essa forma de olhar para o restaurante até vai mudando ao longo do tempo. É inevitável.
Este enquadramento ajusta-se à Tijelinha porque na primeira vez que lá fomos jantar, a nossa primeira reacção foi "mas vamos jantar num snack-bar?!" Porque mesmo sendo um jantar de grupo, que se quer barato e com copos, ele há limites! Uma tasca tudo bem, mas um snack-bar?! Esta foi a primeira reacção, mas depois criou-se um historial de jantares. E todos correram bem, dentro do contexto, o que nos levou a voltar. E a incluir este "snack-bar" nas nossas sugestões de tascas a visitar em Lisboa. Estão a ver como as opiniões mudam consoante a história que temos com os sítios? ;)
A Tijelinha fica umas ruas acima do Martim Moniz, para o lado contrário da Mouraria, e quase passa despercebido. Por fora, são dois toldos diferentes... um para cada uma das salas. Sim, são duas salas diferentes, sem ligação interior. Parece estranho, não é? Aliás, é ainda mais estranho quando vemos os empregados a passar de um lado para o outro pela porta da rua.
É um snack-bar com espaço para umas 16 pessoas em cada sala, e apertadinhas. Numa primeira visita, não prima pela simpatia do serviço. Mas à medida que vamos voltando, somos reconhecidos e isso melhora. Muito ligeiramente, mas melhora. Isso é uma pena.
E a nível de comida, estamos no registo da comida portuguesa, o mais simples possível. Não há sequer pratos de tacho, é tudo à base de grelhados e fritos, para ser rápido e barato. Muito barato. A lista tem meia dúzia de pratos de peixe e outros tantos de carne, e percebemos logo no registo em que estamos.
Nos peixes, o mais pedido são os filetes com arroz, um clássico, que não surpreende em rigorosamente nada. Numa visita houve quem arriscasse na dourada grelhada! Que mantém o registo da normalidade mas pelo menos é servida com batata cozida e grelos, para variar da batata frita que acompanha TODOS os pratos de carne.
Nas carne, estamos entre grelhadas mistas, escalopes, panados e coisas do género, sempre acompanhadas por batata frita (aliás, até é divertido olhar para as fotos, porque parece tudo a mesa coisa).
Já lá comemos a grelhada mista (com 3 variedades de porco), os panados de porco (ainda suculentos, um daqueles pratos que não resisto a pedir seja onde for), os escalopes de vitela (nada interessantes), o bitoque e a alheira de Mirandela (frita em vez de grelhada, mas ainda assim razoável). As batatas que acompanham todos os pratos são caseiras, e pelo menos isso é muito positivo!
Nada é surpreendente, mas estamos a falar de coisas simples e rápidas de fazer sair da cozinha. E também de meias doses muito bem servidas, que para este registo é o que se quer!
Para sobremesas, o habitual neste tipo de restaurantes, onde nos dizem que tudo é caseiro. Duvidamos depois de comer, mas pronto... Bolo de bolacha um bocadinho melhor que a torta de laranja e muito melhor que a baba de camelo, mas por muito mesmo.
Vinho da casa ao jarro bastante agradável (bastante mesmo, acreditem!) e cerveja de garrafa, nada de imperiais aqui.
E, no fim do jantar, pagamos cerca de 9€ por pessoa! Porque com meias doses que dão perfeitamente para uma pessoa por menos de 6€, este snack-bar acaba por ser uma boa alternativa para aqueles jantares de grupo que se querem mesmo baratos. Mesmo que primeiro se estranhe e depois se acabe por entranhar, a Tijelinha é daqueles sítios que acaba por entrar para a nossa história de jantares de grupo, e daí se ter tornado uma das nossas recomendações! Pelo simples facto: comida aceitável a preços muito baixos. E assim poupa-se dinheiro para ir para os copos depois! ;)
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